Empreendorismo - Transformação Digital - Motivação
Uma das coisas que mais oiço de amigos e conhecidos que gostariam de ter seguido o caminho de empresário é que iniciei muito cedo e como tal “agora já não vale a pena começar” ou “agora já é tarde”.
Para mim são meras desculpas de quem não teve força para começar, nem há anos atrás nem agora. Muitas vezes preferimos esconder atrás de desculpas do que iniciar um caminho.
O que é certo é que quem nunca começou, jamais irá chegar ao destino.
Há uns anos quando iniciei os meus pensamentos sobre a internacionalização de uma minha participada, não conseguia visualizar como iria faze-lo nem muito menos como iria ser capaz. Sabia no entanto qual seria o objectivo que queria atingir e comecei pelo mais importante – Iniciei o caminho!
Iniciar o caminho é antes de tudo começar a pensar, investigar um pouco todos os dias, pensar no objectivo todos os dias, nem que sejam 10 minutos… é enviar emails, é pesquisar, é ver quem é quem, é simular, é falar,… Tudo isto x365 dias é mesmo muito tempo, são muitos passos e muitas horas e ao final de 1 ano temos uma ideia clara na nossa cabeça de como lá chegar ao nosso objectivo.
Até este passo, não foi preciso dinheiro, não foi preciso ninguém se despedir,… foi apenas preciso pensar, não ter preguiça de fazer um pouco todos os dias para conseguir arquitectar o inicio de um projecto.
Esta ilustração demonstra bem que alguns dos muitos exemplos de grandes empresários que iniciaram a sua carreira supostamente “tarde”.
Se iniciar “cedo” tem a parte positiva de ter mais anos para construir, também tem a parte negativa da falta de maturidade e de experiência.
A mensagem que pretendo passar é que seja qual a idade que tenhamos o que conta é a força de vontade e começar, o resto são meras desculpas.
Nas várias vendas que fiz de empresas e participações o focus esteve sempre no negócio (claro), nas auditorias, mas essencialmente nos contratos… cerca de 70% do tempo decorrido esteve sempre de facto na protecção das partes com parassociais e clausulas de protecção dos interesses de cada uma das partes. Sendo que por mais cláusulas que existam, se a relação não correr bem, não há clausula ou negócio que resista.
Desde então que tenho pensado no tema e tenho analisado a forma como os processos decorrem, nomeadamente o conhecimento entre as partes que passa apenas 3 ou pouco mais reuniões, uns almoços e o resto é entre os advogados, auditores e contabilistas. No final assina-se contratos, vamos almoçar para comemorar e brinda-se ao futuro.
Foi sempre obvio para mim que este tipo de processo tinha 50% de chances para correr mal e que se esqueciam sempre do mais importante: O conhecimento mutuo das partes e a forma como estas iriam dar-se no dia-a-dia.
Acima de tudo ter uma sociedade é uma relação, tal como a de casados, a de grande amigos, entre outras. A diferença é que os casamentos têm um período de namoro e mesmo assim o namoro chega a durar mais tempo que o de casados, bem como os amigos são grandes amigos até irem de férias juntos. Logo a de sócios, onde há tensões, problemas de caixa, entre outros, está exposta a que uma relação possa de facto correr mal e quando acontece não há negócio que resista, nem em pequenos negócios, nem em grandes Por Ex. o que se passou no BCP, na Apple há uns anos ou o que se está a passar no BES com os primos.
Se para contratarmos um colaborador que “podemos” despedir a qualquer momento fazemos rigorosos processos de selecção, então porque para fazermos uma sociedade não fazemos o mesmo de forma bilateral?
É de facto um tema muito oportuno e que nunca vi acontecer, mas que me faz todo o sentido.
Afinal desmanchar uma sociedade, pode ser bem mais difícil e oneroso que um divorcio, pode custar mesmo a dissolução da sociedade. Então porque não há mais rigor nos típicos processos de aquisição ou de formação de sociedades?
A meu ver deveria haver processos de selecção e de compatibilidade entre sócios, pois poderia ser uma excelente forma de acautelar futuros grandes problemas ou até servirem de conselhos de como ultrapassar os problemas do dia-a-dia de uma sociedade.
Aqui fica uma dica de oportunidade de negócio para os profissionais de RH.
Ricardo Teixeira