Longe vão os tempos que estávamos confinados às lojas de rua da localidade onde vivíamos. Eram sem dúvida mais rentáveis para Portugal e para os empresários Portugueses, mas eram também mais limitadores nas nossas escolhas, mas também era mais fácil sermos felizes com o que tínhamos e comprávamos.
As brincadeiras eram à base da criatividade, fossem elas à apanhada ou às escondidas, ou que precisássemos de fazer bricolage infantil, pois lembro-me desde cedo de fazer trotinetes, afiar ferros para jogar ao espeta, roubar tubos de electricidade nas obras para fazer espingardas de cartuchos de papel, bem como fazer fisgas com paus de arvores.
Os nossos avós sonhavam que os nossos pais fossem médicos ou advogados e as mães professoras ou enfermeiras, os nossos pais queriam que fossemos engenheiros.
Contudo tudo mudou!!
As crianças de hoje não brincam mais na rua, nem metem a hipótese de fazer um brinquedo com recursos recursos de ferro velho e restos. Algo extraordinário para eles tem que ser algo que ainda vai ser lançado e onde eles querem ser os primeiros a ter e claro que não é nacional, nem de uma marca qualquer, tem que ser top mundial, sejam gadget, um jogo ou outra coisa qualquer na berra.
Já não brincam uns com os outros, chegam mesmo a comunicar por sms na mesma sala, jogam jogos online horas e noite a fio online. São tímidos e não comunicam, vivem no seu mundo no seu quarto, fechados e agarrados ao pc ou telemóvel.
Nós pais, queremos que eles sejam alguém na área das tecnologia, pois isso é o que “está a dar” e ouve-se falar de exemplos que ganham milhões a fazer vídeos para o youtube e com blogs, ou que criaram uma aplicação ou site que foi vendido por milhões ou biliões à Google ou Microsoft.
Esta geração não vê Televisão, vê tudo online. Não lê jornais nem revistas, discute tema mais interessantes em fóruns ou no reddit. Já não ha cd’s nem dvd’s, tudo se ouve online. Tudo é free em troca de publicidade, tudo é monitorizado com o objectivo de antever tendências e vendas.
O mundo muito mais do que imaginamos, somos meras marionetes de meia dúzia de empresas, elas controlam tudo e todos, forçaram o mundo a mudar rápido demais e grande parte dos negócios que conhecíamos não conseguiram acompanhar. Olhem para as ruas e já não há lojas, lembram-se da Kodak, Nokia, Motorola, Blockbuster, entre tantos exemplos? Faliram porque não acreditaram nesta transformação repentina.
Mesmo essa meia dúzia de empresas que controlam o mundo, ficam reféns do mercado de capitais e precisam de crescer a ritmos alucinantes e comprar tudo que tem potêncial, que vivem mais da especulação do que negócio em si. Como podem negócios honestos e comuns viver com esta concorrência? Por ex a Amazon que vendia milhares de milhões durante anos sem gerar receitas.
Até os Bancos aqueles pilares sólidos que não davam passos arriscados, perderam o total controle a digitalização da banca onde o dinheiro passou a ser meros saldos e movimentos contabilísticos. De tal forma que todos estavam a perder biliões, sem se apercebem ou sem os seus reguladores perceberem.
O próprio dinheiro virtual, o Bitcoin, passou a ser uma realidade e está a substituir o dinheiro real quer em grandes transacções, quer em transacções ilícitas, sem que o mundo esteja preparado para supervisionar e controlar. O dinheiro virtual é tão procurado que tem valorizações superiores a 100% em apenas 1 ou 2 meses.
Felizmente há inovações que estão a potênciar os negócios tradicionais, por ex. o Airbnb que aluga apartamentos para férias, o Uber que veio mexer no negócio carunchoso dos Táxis, o Booking que veio potênciar o negócio da hotelaria, o comércio online veio salvar as transportadoras. Mas enquanto isso há milhares de pessoas a enterrarem-se completamente à procura de uma ideia como estas, pois só 1 em cada 100.000 projectos é que terá um sucesso relativo.
Os carros começam a ser controlados por app’s mobile, a minha por ex. já abre o carro e mete-o a funcionar. Com as casas a mesma coisa, a Amazon lançou o Echo o Google o Home e também as casas passam a ser controladas por app’s mobile e num futuro próximo até o “negócio” dos ladrões tradicionais muda, pois também estes precisam de ter profundos conhecimentos de programação.
Toda a nossa vida estão online e quem achar que não, engana-se. Todos sabemos que não é seguro, mas não há mais como não estar. Temos medo de meter fotografias dos nossos filhos no Facebook com medo que um eventual pedófilo veja as fotografias e nos rapte as crianças, mas temos as fotos no telemóvel, partilhamos onde estamos naquele momento, acedemos ao banco, metemos todas as passwords no browser e guardamos as passwords no computador e telemóvel, estando tudo ligado à net, sem que nos apercebamos que a Google tem tudo que é nosso. A segurança é o tema do ano, os hackers andam a bloquear os computadores pessoais e das empresas em troca de dinheiro, sendo que um virus ou um ataque de um Hacker pode originar a falência de uma grande empresa, porque tudo está digitalizado e pouca coisa há impressa.
É assustador este mundo em que vivemos e no que se está a transformar, mas o grande problema desta transformação é a velocidade, a velocidade de que tudo se altera sem que o mundo e as pessoas estejam preparadas, nem a sociedade em si. Ora vejam, a esperança média de vida tem aumentado largamente, contudo os sistemas de pensões estão prestes a falir, a digitalização está a trazer desemprego e inadequação de grande parte das pessoas às funções, sendo que hoje as pessoas de 45\50 anos estão ultrapassadas e substituídas por estagiários que trabalham de olhos fechados em computadores e no digital. Ou seja, se vivemos mais tempo e mais cedo as pessoas estão ultrapassadas, vão precisar de mais tempo de pensões e subsidio de desemprego, se este está falido… Como será o futuro? É que aquela expressão “nem que vá para as caixas de supermercado” funciona mais, pois até esta função em breve deixará de existir.
No futuro trabalhar é ser freelancer, é trabalhar de qualquer lado, a qualquer hora e para qualquer continente, há apenas um requisito comum, ser fluente em Inglês. Cada vez mais irá falar-se um idioma, cada vez menos haverá empregos e se pagam impostos sobre o trabalho. Os cursos não serão valorizados, pois basta ser bom e ter exemplos de trabalhos anteriores, os nossos filhos são de tal forma estimulados no digital que a escola não tem qualquer interesse, pelo que passam a aprender tudo, mesmo tudo, no Youtube e nos Blogs, e duvidas à sempre alguém disponível num forum.
Antigamente dizia-se “O futuro a deus pertence” e até este ditado antigo já não é mais verdade e está ultrapassado, pois na verdade o futuro à inovação digital pertence e a quem a conseguir acompanhar.